O debate sobre carga tributária no Brasil é antigo, mas permanece atual — e, infelizmente, cada vez mais preocupante. Agora temos novas propostas para tornar mais pesado o chamado IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que já compromete crédito, câmbio e seguro, tanto para consumidores quanto empresas. Tenho acompanhado como essa política tributária influencia a vida econômica dos brasileiros e as decisões que as pessoas tomam sobre seus investimentos.
A mensagem é clara: tributar um povo já sobrecarregado é contraproducente, insustentável e, de fato, insustentável.
Um Estado Exageradamente Grande
O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo emergente, com impostos superando 33% do PIB. Mas, ao contrário de muitos outros países desenvolvidos com taxas tão altas, o Brasil dá muito pouco retorno à sociedade em forma de infraestrutura, educação, saúde, segurança. Então, a questão não são as receitas — é a gestão.
O esforço para resolver o desequilíbrio fiscal com aumentos de impostos ao invés de cortes de gastos e reformas estruturais é também sintomático da luta contínua do país para abordar o tamanho excessivo do seu inchado setor estatal. Um governo grande demais retira recursos do setor produtivo.
Efeitos colaterais: Crédito Mais Caro, Menos Investimento
O IOF tem impacto direto nas transações financeiras, como empréstimos e investimentos estrangeiros. Se aumenta, o governo não só encarece o crédito (desestimulando consumo e produção), mas também pode frear o investimento estrangeiro. No mercado internacional, sem conseguir competir, a “distância” do Brasil em relação às cadeias de valor globais se torna ainda maior.
Investidores estrangeiros observam riscos, retornos e previsibilidade. Um país que muda suas regras tributárias tão constantemente para cobrir déficits orçamentários cria insegurança. E terreno instável é veneno para investimentos de longo prazo.
O efeito sobre o Empreendedor
Empreender no Brasil é como estar se preparando para uma tempestade tributária. Em vez de estimular a inovação e a criação de empregos, o sistema atual criou um desincentivo para produzir e formalizar. A alta carga tributária não só drena o sangue vital do setor privado, mas também contribui para um ciclo de informalidade, evasão e baixa produtividade.
Quando o governo escolhe os impostos como forma de gerar receita em vez de cortar gastos desnecessários, a mensagem é que prefere punir produtores do que se disciplinar.
Possíveis Caminhos
A chave está em três eixos: reforma administrativa, simplificação tributária e previsibilidade fiscal. Precisamos de um Estado mais enxuto e eficiente, focado em entregar resultados.
É hora de inverter a lógica: ao invés de tributar mais para sustentar um Estado ineficiente, devemos tornar o Estado mais eficiente para que possamos tributar menos.
A elevação do IOF é sintoma de um modelo de gestão em falência. Como um profissional do mercado financeiro vejo com preocupação esse tipo de medida que afasta investidores, desestimula empreendedores e sufoca a economia real. O Brasil tem muito espaço para crescer, mas nunca alcançará esse potencial a menos que acabe com sua prática de improviso fiscal e comece a assumir suas contas públicas — pelo lado das despesas, não das receitas.

Anderson Machado
CEA. Especialista em Investimentos. Graduado em Administração de Empresas (UFSM), MBA em planejamento financeiro, autor do Livro o Grande Ganho, Empresário.