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Cinco motivos para um investidor não entrar em um IPO

Recentemente, o NuBank estreou na Bolsa de Valores e muita gente se perguntou se valeria a pena participar daquele ou de qualquer outro IPO. Se, em algum momento, você já participou ou ao menos acompanhou algum processo de IPO, provavelmente deve ter experimentado o desagradável sabor de ver a ação desvalorizar em pouco tempo, não foi? Isso é muito comum entre os investidores, principalmente os mais inexperientes. Aqui na Musa Capital, temos como filosofia de investimentos não entrar em IPOs, pelo simples fato de que, na grande maioria das vezes, não compensa participar. Parafraseando ninguém menos que Benjamin Graham: “todos os investidores devem ser cautelosos com relação a novos lançamentos, que significa, simplesmente, que tais papéis devem ser submetidos a um exame cuidadoso e testes extremamente severos antes de serem comprados”. Assim, hoje vou listar cinco razões pelas quais acreditamos que não compensa participar de uma oferta pública inicial.

Está curioso? Então vamos lá!

O que é um IPO?

Antes de mais nada, gostaria de esclarecer aqui o que é uma Initial Public Offering (IPO) ou oferta pública inicial. Um IPO é o momento em que uma empresa estreia na bolsa de valores. No primeiro dia, as ações são lançadas no mercado, a companhia tem seus papéis precificados e, a partir de então, passam a ser negociados.

No processo de abertura de capital, os donos das empresas podem realizar duas formas de ofertas ao mercado: primária e secundária. A oferta primária é: a emissão de novas ações e a oferta delas ao mercado. Já a oferta secundária é quando os donos das ações atuais reduzem (vendem) ou saem totalmente do negócio. A ideia de entrar na bolsa de valores faz as empresas poderem se capitalizar para expandir as suas operações ou, eventualmente, pagar as dívidas.

Realizar um IPO é um momento único para a empresa, o recurso que entra acaba sendo muito bom para ela ou para seus donos. Contudo não são só esses que se beneficiam, mas também intermediários do processo, como bancos de investimento e corretoras, que lucram muito com isso..

Entendido esse conceito inicial, vamos às 5 razões pelas quais não compensa participar de um IPO:

1 – Momento do Cenário Macroeconômico

As empresas realizam a sua abertura de capital com foco em captar o máximo de recursos possível. Diante disso, elas realizam esse processo, na maior parte das vezes, em cenários de alta do mercado. Nos anos em que o cenário macroeconômico está pessimista ou desfavorável, o número de IPOs reduz consideravelmente, entretanto, quando temos um cenário favorável, ele aumenta. Esse tipo de postura não é de hoje. No livro O Investidor Inteligente, Benjamin Graham já alertava sobre isso: “ a maioria de novos lançamentos é vendida em condições de mercado favorável. No caso, favorável para o vendedor e, consequentemente, menos favorável para o comprador”;

2 – Preço Elevado

Como vimos acima, é em momentos de otimismo no mercado que a maior parte dos IPOs ocorrem e isso faz seus preços serem exagerados. Para que o IPO tenha sucesso, as empresas tendem a “inflar” ou melhorar a apresentação das informações divulgadas ao mercado. Não são divulgadas informações falsas, mas centram as informações divulgadas valorizando os pontos positivos do negócio, do potencial e das perspectivas de crescimento. Desse modo, a ação passaria a ser valorizada pelo seu potencial de crescimento e não tanto por quanto ela vale.

3 – Falta de histórico da empresa

Uma empresa de capital aberto tem uma série de responsabilidades e de informações legais que precisam ser divulgadas. Já uma empresa de capital fechado geralmente tem menos transparência. Desse modo, quando a empresa está em processo de abrir capital, as informações aos potenciais investidores vão sendo divulgadas por meio de roadshows, que são eventos e movimentos organizados pelas empresas que estão abrindo capital juntamente com os bancos de investimento que estão organizando a abertura, para a divulgação de maiores informações e dados sobre a empresa. Novamente parafraseando Graham: “novos lançamentos são objetos de esforços de venda excepcionais, os quais clamam, portanto, por um grau especial de resistência às vendas”. Essa assimetria de informações acaba sendo mais vantajosa para o controlador da emissão do que para o próprio investidor.

4 – Custos do IPO

Participar de um IPO não é gratuito, existem custos implícitos. Para que a oferta pública inicial ocorra, há muitas despesas. Há valores consideráveis de comissões pagas aos bancos coordenadores da oferta, honorários advocatícios e honorários de auditores. Existem estudos que indicam que o custo total gira em torno de 4% a 6% e, ao final do processo de abertura, quem acaba pagando essa conta não é a empresa, mas sim o investidor que tomou a decisão de adquirir aquele papel em seu momento de abertura.

5 – Estatística

Ao analisarmos dados estatísticos, percebemos que a grande maioria das empresas que realizam a sua abertura de capital tem as suas ações supervalorizadas no momento de captação e tendem a performar negativamente no longo prazo. Em 2019, replicando o modelo de estudo do economista Jay Ritter sobre IPOs nos Estados Unidos, a Empiricus divulgou um estudo que comparava o desempenho de um índice de ações que tinham feito o IPO com o Ibovespa. O estudo da Empiricus demonstrou que o desempenho do Ibovespa superou o resultado das empresas que fizeram IPO com sobras. O mesmo verificado pelo economista americano no estudo-base realizado com as ações de seu país.

Conclusão

Acreditamos muito na tese de investimentos de valor. Portanto, devido às razões apresentadas, não vemos sentido em participar de IPOs por pura e simples especulação, tendo em vista que por serem sobreprecificados em média, IPOs não se encaixam na metodologia de investimentos por valor. Afinal, do nosso ponto de vista, ao decidir investir em uma ação ou qualquer outro título de renda variável, estamos automaticamente decidindo por investir com foco em longo prazo. E para investir em uma ação é fundamental não violar uma das regras mais fundamentais dos investimentos em valor: não importa quanto muitas pessoas desejam comprar uma ação, devemos comprar ela somente se a ação estiver descontada em relação ao seu preço justo e possuir um negócio desejável.


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Stefano Tremea, CFP®

Consultor autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Certified Financial Planner (CFP) certificado pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar) e habilitado junto à Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro. Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pós-graduado em Planejamento Financeiro e Finanças Comportamentais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

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