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Estou perdendo para o CDI, e agora?

O Certificado de Depósitos Interbancários (CDI) é um título de curtíssimo prazo – um dia – emitido pelos bancos para respeitar a regulação imposta para o Banco Central (BC). A legislação não permite que bancos tenham saldo negativo, ou seja, sofram mais resgates do que depósitos no mesmo dia. Dessa forma, os bancos com saldo negativo precisam pegar um ‘empréstimo’ com outros bancos, através da emissão de um CDI, que é semelhante a um Certificado de Depósito Bancário (CDB).

Mas o que isso tem a ver com a minha carteira de investimentos?

Ocorre que a taxa utilizada pelos bancos nesses empréstimos de um dia serve como referência para todo o mercado financeiro, já que diversas aplicações de renda fixa são atreladas ao CDI. Essa, por sua vez, é muito próxima da Selic, a taxa básica de juros da economia. Enquanto a Selic está em 13,75% a.a., o CDI remunera 13,65% a.a.

Diversos clientes têm nos procurado porque a carteira está inferior ao CDI no ano. A comparação é inevitável, já que os próprios aplicativos das corretoras utilizam esse índice como referência, mas não é ideal, especialmente no curto prazo (menos de dois anos). Vou explicar o porquê.

A diversificação é a melhor estratégia para diminuir os riscos e potencializar os retornos no longo prazo, isso não é novidade. Mas existe um ponto importante que deve ser levado em consideração. Quando diversificamos, estamos expondo o patrimônio a diferentes classes de ativos, que seguem diferentes índices, como o IPCA, IMA-B, IRF-M, Ibovespa, IFix, IDiv, Smll, Ibov, S&P 500, o próprio CDI e diversos outros índices.

O ponto positivo é que diminuímos o risco de exposição em um único fator de risco, protegendo a carteira em diferentes cenários, mantendo a estratégia mais estável e segura. E o ponto negativo é que eventualmente podemos perder para algum desses índices no curto prazo.

Dessa forma, como estamos expostos a diferentes índices, comparar apenas com o CDI não é correto, dado que algumas classes de ativos estão sofrendo bastante com o cenário macroeconômico, especialmente o aumento de juros e a queda da atividade econômica no mundo, o risco político brasileiro, além do caso das Americanas que impactou o mercado de crédito no país.

Hoje, o retorno de 13,65% a.a. do CDI parece muito bom, mas isso não quer dizer que devemos expor todo o patrimônio ao CDI. Vamos ver alguns momentos:

  1. Quem investiu no ‘100% CDI’ em junho de 2020, quando o índice remunerava 2,75% a.a. viu seu patrimônio cair 10% em 2 anos (em termos reais), já que o IPCA acumulou uma alta de 20,72% no período, contra 10,25% do CDI.

2. Quem investiu no ‘100% CDI’ nos últimos 4 anos, teve um retorno real próximo a 0,5% a.a., já que o IPCA acumulou 27,75% no período, contra 29,94% do CDI. Nossa carteira conservadora, no mesmo período, rendeu 44,97%, um retorno real superior a 4,3% a.a., mesmo no cenário de juros baixos.

Mas o que significa tudo isso?

A mensagem aqui é que a mesma diversificação, que nos faz perder para o CDI no curto prazo, em virtude do cenário macro, é o que nos possibilita ganhar, com sobra, do mesmo CDI no longo prazo. A exposição em diversas classes de ativos e índices nos protege e até penaliza em alguns momentos (como o caso Americanas), mas no longo prazo é a garantia de que teremos retornos superiores aos indicadores. A questão é: você está investindo para o curto ou para o longo prazo?


Gustavo Machado, CNPI

Consultor autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e analista de investimentos certificado pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais (Apimec). Possui mais de 8 anos de experiência no mercado financeiro. Bacharel em Economia, alumni da Foundation for Economic Education (FEE) e da Cato University: College of Economics.

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