Muitos investidores, por ganância, excesso de confiança ou curiosidade apenas, optam por investir diretamente em ações, fazendo a gestão ativa da sua carteira de investimentos.
Para isso, é necessário realizar um acompanhamento constante do mercado, estudar as empresas, seus cases de crescimento ou, utilizar uma carteira recomendada como base para sua tomada de decisão (utilizando casas de research ou carteiras das próprias corretoras). Mas nem sempre o investidor comum, profissional CLT, ou Empresário, tem o tempo necessário para acompanhar efetivamente suas ações, estudar as empresas e tomar decisões de investimentos de forma tempestiva.
Por outro lado, no mercado financeiro, existe a figura do Gestor profissional de Investimentos, certificado e que atua na gestão de recursos de terceiros, via Fundos de Investimentos. Esse profissional, possui uma equipe dedicada a realizar acompanhamento do mercado, cenário econômico, estudar e analisar as empresas, entrar em contato com os membros da administração das empresas listadas, com objetivo de tomar as melhores decisões de investimentos, considerando a estratégia de investimento do fundo.
Sabendo disso, será que vale a pena investir diretamente em ações, ao invés de delegar esse serviço há um gestor profissional?
Análise de Custos
Para ajudar na tomada de decisão, fizemos uma análise de custos que o investidor teria ao investir diretamente em Ações x em Fundos de Ações.
Possíveis Custos do Investimento em Ações

1) Assinatura de Research (Carteira Recomendada): utilizando as empresas referência deste mercado, selecionamos como exemplo as assinaturas básicas de Renda Variável da Nord e da Suno Research, que possuem um custo de R$ 39,90 mensais, ou R$ 479,88 anual.
2) Corretagem: utilizando como base o custo de corretagem da XP (maior corretora do Brasil), que é de R$ 4,90 por ordem, caso o investidor venha a fazer 8 operações por mês entre compras e vendas, teria um custo mensal de R$ 39,20 e R$ 470,40 anual.
3) Horas do Investidor: consideramos uma estimativa de pelo menos 2 horas ao mês necessárias ao investidor que decida investir diretamente em ações, ou 24 horas anuais. Tais horas, poderiam ser alocadas no trabalho ou ramo de atuação do profissional e eventualmente gerar uma remuneração financeira maior em seu negócio ou empresa.
4) Aplicativos: muitos investidores optam por assinar aplicativas de controle de carteira de investimentos (como exemplo citamos o Kinvo ou Trademap) e eventualmente aplicativos ou softwares de apuração de imposto de renda sobre os ganhos em renda variável. Consideramos um custo mensal de R$ 19,90 ou de R$ 238,80 anual.
Considerando os custos descritos acima, chegaríamos a um custo anual de R$ 3.589,08 para o investidor que optar por investir diretamente em Ações na bolsa de valores.
Possíveis Custos do Investimento em Fundos de Investimento

Quando vamos para o universo de Fundos de Investimento em Ações (FIAS), temos dois custos padrão deste mercado:
1) Taxa de Administração: taxa cobrada pelos fundos para fazer a administração dos montantes aplicados no fundo. A Taxa é calculada e provisionada diariamente nos fundos de ações, sobre o patrimônio investido. Como média, os fundos de ações cobram uma taxa anual de 2%.
2) Taxa de Performance: taxa cobrada pelos fundos, em caso de performance do fundo superior a seu benchmark (IBOV, IDIV, etc), em outras palavras, em caso de o fundo superar o mercado de ações, o fundo cobra uma taxa média anual de 20% do que exceder o mercado. Esta taxa serve como uma bonificação ao gestor que consegue superar o mercado.
Considerando a simulação que fizemos na tabela acima, caso o investidor opte por investir R$ 20.000 em um fundo de ações, teria um custo anual de R$ 400, ao investir R$ 40.000 teria um custo anual de R$ 800 e assim sucessivamente.
Note que o investimento diretamente em ações (analisando somente custos), se torna mais “barato”, apenas quando o montante investido é superior a R$ 180.000, visto que nessa faixa o custo anual da taxa de administração de um fundo seria de R$ 3.600 (montante superior ao custo que simulamos no tópico anterior do investimento direto em ações).
Análise Tributária
Quando entramos no aspecto tributário, claramente o investimento direto em Ações se torna mais complexo ao investidor, visto que é necessário apurar o IR e gerar DARF dos lucros obtidos nas vendas mensais acima de 20 mil reais, além das obrigações anuais do IRPF (declaração do custo médio dos ativos na aba de “Bens”, além da declaração detalhada dos proventos recebidos ao longo do ano).
Já nos fundos de investimento em ações, o imposto de renda é apurado automaticamente pela administradora do fundo de investimento e “descontado” quando o investidor vai efetuar um resgate. Na declaração anual do IRPF precisa informar somente o custo de suas cotas de cada fundo de investimento, informação que é disponibilizada no informe de rendimentos das corretoras.
Vale lembrar que Fundos de Investimento em Ações não tem o famoso “Come Cotas”, como ocorre em fundos de renda fixa, entre outros. Por outro lado, o investidor de fundos, perde o benefício da isenção de imposto de renda nas vendas de até R$ 20.000 mensais.
Rentabilidade dos Fundos de Investimento
Quando olhamos para o mercado de fundos de investimento em ações, temos diversas opções no Brasil, com diferentes estratégias e mercados de atuação.
Além disso, temos fundos geridos por gestores renomados e conhecidos no mercado, citamos como exemplo abaixo dois fundos de gestores renomados no Brasil (os fundos citados NÃO são recomendações de investimentos, apenas servem como base para este estudo).
Constellation FIC FIA – Florian Bartunek

Alaska Black – Henrique Bredda e Luiz Alves

Conforme demonstrado nas figuras acima, podemos observar que tanto o fundo Constellation, como o Alaska Black, vem superando com folga o IBOV consistentemente em janelas de longo prazo. Claro que em janelas menores, podemos observar momentos em que os fundos perdem para o IBOV, sendo um movimento normal do mercado de renda variável.
*Importante destacar, que antes de investir em um fundo de investimento, é necessário conhecer o fundo, analisar seu histórico e estudar os gestores, para tomar a melhor decisão, pois assim como em todos segmentos, existem bons fundos, bons gestores, e também fundos ruins e gestores ruins.
Conclusão
Considerando o estudo que apresentamos no artigo, podemos verificar que os custos do investidor pessoa física que investe diretamente em ações, montando sua própria carteira, assinando casa de research, pagando custos de corretagem e de aplicativos pode ser bem alto, inclusive superior aos custos de investimento via fundos (onde é cobrada Taxa de Administração + Performance). Além disso, temos opções de excelentes fundos de investimentos no Brasil, onde historicamente foi possível obter excelentes retornos no longo prazo, acima do IBOVESPA.
Vale lembrar que não existe uma alternativa “melhor” de investimentos (Ações x Fundos), é necessário avaliar o seu perfil de investidor, entender seus objetivos e adequar sua carteira de investimentos.
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Matheus Rocha, CEA

Consultor autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Especialista em Investimentos certificado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Possui mais de 7 anos de experiência em auditoria de empresas nacionais e multinacionais, atuando como Gerente de Auditoria pela Deloitte Brasil. Bacharel em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e Contador registrado no Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRC-RS).