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Posso perder dinheiro investindo no Tesouro Direto?

Atualizado: 2 de out. de 2023

Os títulos públicos são ativos de renda fixa emitidos pelo Governo Federal, possuem diversos prazos de vencimento e taxas prefixadas e pós-fixadas, são atrelados à taxa básica de juros da economia (Selic) e ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O risco ao investir no tesouro direto é considerado o mais baixo possível, pois estamos “emprestando” dinheiro para a União, que teoricamente é o emissor mais confiável do mercado financeiro brasileiro. Nesse artigo vamos conhecer um pouco mais desses títulos e entender as características de cada um deles, para saber qual o mais adequado para determinadas finalidades e quando comprar/vender esses ativos.


1. Tesouro Selic: são títulos pós-fixados que possuem sua rentabilidade atrelada à Taxa Selic, são ideais para utilizar como reserva de emergência ou caixa e indicado para objetivos de curto prazo, pois possuem o menor risco entre todos os títulos, no caso de venda antes do prazo de vencimento.


2. Tesouro Prefixado: são títulos com uma taxa de juros fixa, determinada no momento da aplicação, ideal quando queremos saber exatamente quanto receberemos no momento do resgate e indicado para objetivos de médio e longo prazo. A taxa de juros, ao contrário do que muitos pensam, não é determinada pelo governo, e sim pelo mercado com base na expectativa da trajetória da Taxa Selic, com o acréscimo de um prêmio de risco.

Isso significa que a taxa varia de acordo com a expectativa do mercado para a taxa de juros no momento da aplicação, e essa taxa é utilizada para calcular o valor presente do título, com base no valor futuro desse título no vencimento.

Mas o que isso quer dizer, na prática? No momento de investir sempre sabemos o valor futuro desse título e calculamos quanto vamos pagar por ele agora, com base na expectativa da taxa de juros. Vamos ao exemplo:

O título vai valer R$ 1.000,00 no futuro e a taxa de mercado para dois anos negociada no momento da emissão desse título é 12% ao ano. De posse desses dados, posso calcular o valor presente que pagaria por esse título para receber os R$ 1.000,00 daqui dois anos.


Preço de hoje = 1000 / (1+0,12)²


Ou seja, para receber R$ 1.000,00 daqui dois anos, a uma taxa de 12% ao ano, o investidor terá que desembolsar R$ 797,19 hoje.

Certo, entendi como funciona! Mas se essa taxa varia diariamente, de acordo com a expectativa do mercado, o que acontece se eu vender meu título antes do tempo?

Se as expectativas em relação à economia do país melhorarem - e a taxa de juros futura cair - o título emitido anteriormente terá uma taxa maior, logo, valerá mais do que os títulos atuais. Assim, o investidor poderá vender seu título por um preço maior do que os títulos atuais do mercado, ou seja, vender com ágio.

Já uma expectativa negativa em relação à economia - com aumento da taxa de juros futura - faz com que os títulos emitidos anteriormente sejam piores do que os atuais, logo, o preço desses títulos caem. Se o investidor quiser vender seu título antes do prazo, poderá perder dinheiro, pois estará negociando o título em deságio.

Na imagem abaixo, podemos ver a variação do preço do Tesouro Prefixado com vencimento em 2024, para receber R$ 1.000,00 no vencimento, o investidor tinha que aplicar R$ 810,88 no dia 8 de fevereiro de 2021, recebendo uma taxa de 6,52% ao ano no vencimento. Hoje, 4 de novembro, o preço do título é R$ 739,93, oferecendo a taxa de 12,11% ao ano. Veja que esse preço varia ao longo de todo o período de acordo com a expectativa do mercado para a taxa de juros.

Marcação a mercado - Tesouro Direto

Fonte: Tesouro Direto

3. Tesouro IPCA: são títulos considerados híbridos, pois possuem uma taxa prefixada somada com a variação da inflação do período, medida pelo IPCA. Essa aplicação é ideal para objetivos de longo prazo, especialmente aposentadoria, porque garante uma rentabilidade sempre acima da inflação, protegendo o poder de compra do capital. A parte prefixada desse título também é chamada de juro real.

Por contarem com uma parcela prefixada, esses títulos também sofrem variação de preço pela marcação à mercado, assim como no Tesouro Pré. Nesse caso, o investidor também corre risco de perder dinheiro caso resolva vender seu título antes do prazo, caso esteja sendo negociado em deságio. Por outro lado, se levar o título até o vencimento, receberá a variação do IPCA somado com a taxa estabelecida no momento da aplicação.

Agora vamos ao Tesouro IPCA+ com vencimento em 2026. No dia 4 de novembro de 2020 o título custava R$ 2.834,95, oferencendo uma taxa prefixada de 2,98% ao ano mais a variação do IPCA até o vencimento do título. Hoje, esse título custa R$ 2.909,57, com uma taxa de 5,21% ao ano mais a variação do IPCA no período.

Marcação a Mercado

Fonte: Tesouro Direto

Isso quer dizer que se o investidor vender esse título antes do prazo, quando ele estiver valorizado (ágio), realizará lucro na operação. Se em vez disso, vender o título quando estiver desvalorizado (deságio), estará saindo no prejuízo, perdendo dinheiro. Já se carregar esse título até o vencimento, receberá o valor futuro dele acrescido da taxa prefixada no momento da aplicação.

Os títulos públicos são considerados ativos de renda fixa, seguros, mas o investidor tem que entender muito bem as características de cada um deles e investir de acordo com seus objetivos, evitando assim perdas inesperadas. Vender os títulos do Tesouro Pré ou Tesouro IPCA antecipadamente é tão arriscado quanto investir em ações, o investidor pode perder muito dinheiro.

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Gustavo Machado, CNPI®





Gustavo Machado

Gustavo Machado, CNPI

Consultor autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e analista de investimentos certificado pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais (Apimec). Possui mais de 8 anos de experiência no mercado financeiro.Bacharel em Economia e mestrando pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), alumni da Foundation for Economic Education (FEE) e da Cato University: College of Economics.


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