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O que é diversificação e por que diversificar?

Atualizado: 2 de out. de 2023

Em algum momento da sua vida você já ouviu o ditado popular: “não coloque todos os ovos na mesma cesta”, certo? Afinal, se você deixar a cesta cair, você pode perder tudo. Isso vale para vários aspectos da vida, mas, principalmente, para os seus investimentos. Ninguém sabe como o mercado financeiro vai se portar - se vai subir, se vai cair-, mas é possível lidar com essa questão minimizando seus riscos e diminuindo sua volatilidade por meio da diversificação. Ela nada mais é do que uma técnica para reduzir os riscos da sua carteira ajudando o seu portfólio a maximizar o potencial de retorno.

Pense comigo: o ano é 2000, e imagine que você tinha 100 mil reais e queria investir. Então você fez uma breve análise e decidiu investir todo seu dinheiro em uma empresa grande, sólida, com produtos de qualidade, líder mundial do seu mercado e com boas perspectivas de se manter assim. Seria um bom negócio, não? Por que não investir todo o recurso nela? Parecia uma baita oportunidade! Só que não, o nome da empresa é Nokia e, apesar de ser líder do seu segmento, não se adaptou às mudanças de mercado e de tecnologia. Logo depois, uma empresa que nem era do seu setor, criou um produto revolucionário chamado Iphone e tudo vai por água abaixo. Acompanhe o que aconteceu com as ações da Nokia do ano 2000 pra cá:

Desempenho Nokia

Fonte: Google Finance


As ações saíram de 61,19 euros para 5,17 euros, uma queda de 91,55%. Ao concentrar seus investimentos você fica exposto a situações como essa. Uma crise em determinada empresa, setor, região ou país pode fazer seus investimentos serem fortemente abalados. São em situações como essa que a diversificação se mostrou muito eficiente em mitigar riscos.


Para entender melhor o conceito da diversificação é importante entender o risco sistemático e o risco não sistemático:

Risco sistemático: é o chamado risco de mercado, aquele que não se consegue eliminar através da diversificação. É o tipo de evento que afeta a todas empresas e todos os setores ao mesmo tempo - e que não conseguimos eliminá-lo. O próprio coronavírus, em um primeiro momento, trouxe efeito em todos mercados, ainda que determinados setores tenham sido mais afetados que outros, deixando claro que o risco sistemático traz impactos para todos.

Risco não-sistemático: é aquele que afeta um determinado tipo de investimento, uma determinada empresa, setor ou região. É o risco específico. Por exemplo, comprei ações da Empresa X e ela resta condenada por praticar alguma atitude ilegal. Foi algo específico que abalou esta empresa, então provavelmente as cotações de sua ação irão desvalorizar em um caso assim.


Feito este entendimento, é importante deixar claro que o risco sistemático não pode ser eliminado: ele sempre irá existir. Já o risco não sistemático é consideravelmente reduzido através da correta diversificação dos ativos.

Apresento aqui um outro exemplo da importância da diversificação, agora comparando o índice Ibovespa com a moeda Dólar nos últimos 5 anos. Nas setas, mostram os momentos em que o índice da Bolsa cai e como o dólar se movimenta nestas ocasiões:

Correlação entre Dólar e Ibovespa

Fonte: Google Finance


Percebe-se que sempre que a bolsa cai o dólar tem uma valorização, e quando a bolsa sobe o dólar: cai ou permanece estável. Se um investidor tivesse investido somente em ações brasileiras durante esse período e não dolarizado nenhuma parte dos seus investimentos , teria passado por mais momentos de stress (volatilidade) do que se tivesse parte de sua carteira dolarizada. Este gráfico mostra o quão importante é, na hora de montar a sua carteira de investimentos, levar em conta não somente a diversificação de ativos, mas também a diversificação das classes dos ativos em que você está investindo e até mesmo a localização geográfica na qual estão os investimentos que você está fazendo. Vou explicar cada um deles abaixo:


Diversificação de classe de ativos: ao montar a sua carteira de investimentos, você terá que determinar quantos por cento deseja alocar em renda variável e quantos por cento em renda fixa. Dentro dessas duas grandes classes de ativos, nós temos subdivisões, quais sejam, na renda variável: ações, etfs, fundos de ações, fundos multimercado, moedas, commodities, derivativos, dentre outros. Já na renda fixa teremos: fundos de renda fixa, títulos públicos, crédito privado, dentre outros. Para manter uma carteira bem balanceada, você não pode concentrar seus investimentos 100% em determinada classe, sob o risco de ter grandes revezes caso aquela classe ou subclasse seja impactada por determinado fator de risco.

Diversificação de ativos: feita a escolha das classes de ativos, e já determinado quanto vamos alocar em cada classe, teremos que agora definir o quanto aportar em cada carteira. Por exemplo: decidi investir 30% dos meus recursos em ações, então, assim, eu preciso montar uma carteira de ações com ativos bem diversificados, comprando ações de setores e empresas diferentes, mantendo um limite de quanto determinada ação e setor pode conter dentro do meu portfólio.

Diversificação geográfica: o objetivo principal dessa estratégia é reduzir o risco sistemático do país em que o investidor realiza seus investimentos. A grande maioria dos investidores tende a concentrar seus recursos no país na qual ele tem a sua origem, entretanto, ao fazer isso, o investidor acaba aumentando o risco de seus investimentos. Caso o país passe por um longo período de recessão, ele provavelmente será afetado em grande intensidade. Recomendamos destinar uma porcentagem, mesmo que pequena, da carteira para investir em outros países, preferencialmente com moedas fortes.


Para entender melhor a importância da diversificação geográfica, observe o movimento do índice Ibovespa e o índice S&P500 entre outubro/2002 a dezembro/2010:

Ibovespa x S&P entre 2000 e 2010

A bolsa brasileira andou 723%, enquanto que o S&P500 caiu 25% no mesmo período, em Reais. Caso você fosse um investidor desavisado poderia pensar que não valeria a pena investir no índice americano e iria concentrar seus investimentos na bolsa brasileira, afinal na última década seu retorno foi muito melhor. Entretanto, observe abaixo o comportamento dos dois índices na década seguinte:

Ibovespa x S&P entre 2010 e 2021

De dezembro/2010 até hoje, a bolsa brasileira andou 64% em Reais, enquanto que o S&P500 subiu 1330% em Reais. Aquele investidor que tivesse concentrado seus recursos somente na bolsa brasileira teria tido um retorno muito menor.

E na próxima década? Qual o melhor investimento? Não temos como saber, ninguém pode prever o futuro, portanto diversificar bem o nosso portfólio é a melhor chance que temos de obter maior probabilidade de retorno e de reduzir nossos riscos.


Agora que você entendeu que deve diversificar seus investimentos, é hora de colocar em prática. De fato, não é algo fácil de fazer e muitos cenários devem ser estudados para o emprego da diversificação de maneira correta. Espero que esse artigo possa ter lhe ajudado a esclarecer um pouco mais sobre o assunto. E, claro, se ficou alguma dúvida, não deixe de escrever para nós, pois teremos o maior prazer em lhe ajudar nessa jornada.

Ah, e lembre-se: a escolha dos investimentos depende de muitos fatores relacionados ao perfil e ao objetivo de cada investidor. Entre em contato com a Musa Capital para que possamos lhe auxiliar da melhor forma possível!


Stefano Tremea, CFP®


Stefano Tremea

Stefano Tremea, CFP®

Consultor autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Certified Financial Planner (CFP) certificado pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar) e habilitado junto à Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro. Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pós-graduado em Planejamento Financeiro e Finanças Comportamentais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).



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